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A Presidenta

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2013-11-23 22.42.08

O VOP é um Portal Oficial da Ortográfica da Língua Portuguesa Brasileira, é um repositório organizado de recursos linguísticos que é orientado tanto para o público em geral como para a comunidade científica, servindo de apoio a quem trabalha com a língua portuguesa e a todos os que têm interesse ou dúvidas sobre o seu funcionamento. Todo o conteúdo do Portal é de livre acesso e está em constante desenvolvimento: VOP

A língua é um instrumento importante da comunicação que se sobrepõem à escrita. Segundo Marcos Bagno, no livro Preconceito Linguístico, o preconceito contra a língua é um reflexo de outros preconceitos como o regional.

Presidente ou Presidenta estão ortograficamente corretos, no entanto Dilma Rousseff optou pelo uso da grafia com A no final, isso devido ao histórico de luta contra os preconceitos e o machismo e também pela familiaridade com as causas sociais. No portal do VOP é totalmente possível averiguar essa verdade: A palavra existe!

Na campanha passada, esse foi um dos grandes ataques contra essa mulher, que representa o Poder Executivo do país, e nessa campanha (para meu espanto) continua sendo.

A internet proporciona uma democracia mais ampla e mais verdadeira, contudo, ela também propaga ignorância, reprodução de mentiras e preconceitos. Este ano, fomos bombardeados com todo tipo de preconceito, inclusive o linguístico! Mas, repudiar a letra A no final da palavra Presidenta não é apenas uma forma de preconceito linguístico, é muito antes uma forma de machismo. O fato de uma mulher presidir o país é inaceitável, pelos que não enxergam na mulher o mesmo potencial de um homem.

Os ataques a campanha presidencial, meramente preconceituosos, são constantes.

Utilizar-se desses recursos para desprestigiar é uma forma velha e ultrapassada de se fazer política, mas mesmo conhecendo-a bem, e sabendo que já é histórica, espanta o uso desses meios de forma tão suja.

Em outros artigos afirmei que todo preconceito tem como alicerce o machismo, e não seria diferente nesse caso.  O ódio contra uma palavra é o ódio contra um gênero!

Todos os dias palavras novas surgem no nosso vocabulário, seja pelo estrangeirismo como o verbo DELETAR, seja por gíria como a palavra “ZICA”, ou porque um jornalista famoso de direita juntou as palavras PT + Irmãos Metralha dando origem a palavra PETRALHA, novinha em folha e que se popularizou tão rápido. A verdade é que mesmo que não existisse a palavra Presidenta, deveríamos usá-la pelo papel social a que se propõe. A língua é mutável e têm valor importante na formação social, tão importante quanto quaisquer outras ações.

Independente do lado político e das questões partidárias, devemos observar que determinadas questões são inegociáveis: A promoção da mulher, a luta pela igualdade de gênero, a queda do machismo, a diminuição do preconceito, a punição do crime de ódio, a garantia da educação, conhecimento, ética  e a estruturação da sociedade com base na equidade e isonomia dos direitos são algumas das questões inegociáveis.

Que seja utopia, mas acredito que podemos reverter essa cultura que pune alguém pelo seu gênero, que imediatamente, desqualifica pela sua identidade de gênero e por sua genitália.

Os limites e as diferenças entre os gêneros existem, mas nem uma delas encontra-se no cérebro.


Arquivado em:Artigos, Coluna do Evandro Tagged: Cidadania, coluna do evandro, democracia, Dilma Rousseff, Educação, Eleições 2014, Evandro Mangueira, Justiça Social, Machismo, Polîtica, Preconceito Linguístico, Presidenta ou Presidente, PSDB, PT, sociedade, Voto

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